O consumo de vinho nos restaurantes tem se popularizado a cada dia. No entanto, poucos estabelecimentos sabem tratar o treinamento e a educação do vinho a ponto de incorporá-los ao seu plano de negócios. Como podemos tirar o máximo proveito dos treinamentos para que tenham um impacto efetivo nos seus resultados?
O sommelier e wine educator chileno radicado na Inglaterra, Raul Díaz, publicou um texto na The Buyer e listou alguns pontos a serem considerados quando tratamos desse assunto.
#1. Defina os seus objetivos
Qualquer estabelecimento que queira ter relevância no mercado em que atua deve ter um programa de treinamento. E aqueles que buscam lucrar com a operação de bebidas e escolham trabalhar com vinho, devem dar um tratamento diferenciado para o produto. Isso significa tratar essa operação em separado, estabelecer claramente os objetivos financeiros que você deseja alcançar e alocar os recursos necessários para isso, dentre eles o treinamento de brigada. Se você deseja entregar um conceito diferente aos seus clientes, um programa de educação permanente dos seus colaboradores fará uma grande diferença. Lembre-se: o vinho poder ser uma fatia significativa do seu negócio, podendo alcançar mais de 20% do seu faturamento.
#2. Saiba incluir o vinho no contexto do seu negócio
Pode soar muito bonito incentivar seus clientes a consumirem vinho, afinal muitos querem aprender sobre como apreciar a bebida. Mas o ponto central é: quantos dos seus funcionários estão realmente preparados para levarem o vinho a sério? E a questão aqui não é apenas aprender a abrir uma garrafa e servi-la, mas também estar preparado para uma interação efetiva com o consumidor. Para que o vinho tenha relevância no seu negócio, você deve decidir como irá apresentar esse conceito e que papel ele terá na sua operação. Ou seja, o vinho deve estar inserido no contexto do seu negócio.
#3. Cuide do seu posicionamento
Há tantos níveis de preço nesse mercado que você deverá definir bem como o vinho estará posicionado dentro da sua oferta. É possível oferecer produtos de qualidade, que tenham uma história interessante a um preço acessível, assim como se posicionar como um garimpeiro de exclusividades, safras especiais e rótulos que não se encontram em outros lugares. Tudo dependerá da sua proposta. Mas ela deve fazer sentido. O que não dá, por exemplo, é para um estabelecimento de comida despretensiosa ter uma carta infindável ou um bistrô sofisticado oferecer poucas propostas de vinhos franceses. Parece óbvio, mas é bem comum encontrarmos cartas de vinho desconexas com o restante da casa. Logo, o conteúdo do treinamento também deve estar em sintonia com o seu posicionamento.
#4. Estabeleça os pré-requisitos do seu consultor
Se você optar por um consultor na área de treinamento, o profissional deverá ter pelo menos as seguintes competências:
a. Experiência comprovada na área: caso o consultor nunca tenha trabalhado na área de hospitalidade, ele não está qualificado para a atividade;
b. Programa de treinamento: examine bem o conteúdo, a agenda sugerida e quais os resultados de aprendizado esperados;
c. Avaliação periódica: é altamente recomendado que todos os participantes sejam submetidos à avaliações periódicas para medir o grau de aprendizado. Sobre este ponto, se você puder estabelecer uma mecânica de benefícios que esteja atrelada ao aprendizado no curso e ao resultado de vendas, melhor ainda.
#5. Dissemine a idéia
Uma vez definido o conceito e o escopo do treinamento, é hora de espalhar a idéia aos seus colaboradores, parceiros e clientes. Comunique sempre os colaboradores primeiro e mantenha a frequência dos treinamentos para que absorvam os conceitos pouco a pouco. Fale com os seus parceiros de vinho e definam estratégias em conjunto. Saiba aproveitar as oportunidades de negócio trazidas pelos seus fornecedores e comunicá-las de forma eficaz a sua equipe. E por último, e não menos importante, faça uso das redes sociais para reforçar a sua comunicação do vinho com os seus clientes.
#6. Envolva as pessoas
Esse é um universo de pessoas. Da colheita, a produção, distribuição, venda e consumo, o fator humano é fundamental para que as coisas aconteçam. A sua equipe é crucial para que o programa de treinamento dê certo e devem estar sempre motivados e engajados. Mantenha a frequência dos treinamentos, traga novas idéias que possam ser implementadas com frequência e lembre-se de considerar o vinho dentro do seu programa de remuneração. Regularidade e constância de propósito são chaves nesse negócio.
Termino aqui com um exemplo prático dado pelo craque no assunto Gerard Basset, o sommelier dos sommeliers, proprietário do Hotel inglês Terravina, que já foi campeão no concurso mundial de sommeliers, e é o único profissional a ostentar os títulos de Master of Wine, Master Sommelier e Wine MBA.
Uma situação que ocorre com frequência é o cliente solicitar um vinho que esteja esgotado na carta. Em seu restaurante que possui uma carta de vinhos completa e variada, Basset orienta a brigada nesses casos a oferecer um vinho equivalente ou de qualidade superior pelo mesmo preço do que estava em falta. Ainda que perca algumas libras nessa transação, a fidelização do cliente é imediata e ele dificilmente sairá frustrado com a alternativa sugerida. E eu lhe pergunto, caro leitor: será que isso seria possível sem um treinamento adequado de sua equipe?
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Nota: texto adaptado da matéria Raul Diaz: how to make wine training part of your business plan. Acesse aqui os treinamentos em video de Raul Diaz.
Foto: Felipe Benoit | Stockphotos